segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

CARNAVAL

Muitas são as teorias e opiniões sobre a origem do Carnaval. Mas numa ideia todas elas convergem: a transgressão, o corpo, o prazer, a carne, a festa, a dança, a música, a arte, a celebração, a inversão de papéis, as cores e a alegria, fazem parte da matriz genética de uma das manifestações populares mais belas do Mundo.
Provavelmente terá tido origem no Antigo Egipto, ou mesmo muito antes. Frequentemente, foi alvo da repressão de quem não tolerava a subversão de um mundo virado do avesso. A opinião de autores e historiadores sobre o Carnaval não é unânime tanto em relação à data do seu surgimento como em relação à origem da própria palavra «Carnaval».

Há efectivamente duas correntes distintas na abordagem da origem da palavra e que se baseiam em duas oposições hoje presentes nas celebrações do Carnaval. A primeira é a oposição entre a ordem e a desordem, entre o mundo visível e quotidiano e os impulsos inconscientes, entre a representação e a vontade, entre o mundo que vemos e o mundo visto de cabeça para baixo. Nesta linha, a palavra «Carnaval» teria a sua origem no vocábulo latino Carrum Navalis, os carros navais que faziam a abertura das Dionísias Gregas nos séculos VII e VI a.C., e onde a euforia e a inversão de valores se estendiam pelas ruas das cidades. A segunda oposição, com origem marcadamente cristã, é entre o Carnaval e a Quaresma, ou entre a terça-feira de Carnaval e a Quarta-feira de Cinzas (que marca a entrada no período da Quaresma). A palavra terá surgido quando Gregório I, o Grande, em 590 d.C. transferiu o início da Quaresma para quarta-feira, antes do sexto domingo que precede a Páscoa. Ao domingo anterior deu o título de dominica ad carne levandas, expressão que se teria sucessivamente abreviado para carne levandas, carne levale, carne levamen, carneval e carnaval e que significam acção de tirar, quer dizer: "tirar a carne", ou "adeus à carne". A terça-feira, seria legitimamente a noite do Carnaval. Seria, em última análise, a permissão de se comer carne antes dos 40 dias de jejum (Quaresma).
Durante o período do Carnaval havia uma grande concentração de festejos populares. Cada cidade brincava a seu modo, de acordo com seus costumes.
Independentemente da origem da palavra, as manifestações carnavalescas de hoje não são novas nas suas formas e conteúdos, antes se constituiem como produto da sociedade vitoriana do século XIX.

O Carnaval continua a ser particularmente festejado em algumas cidades, das quais destacamos Veneza, Colónia e Munique, New Orleans e Rio de Janeiro. Sucessivamente, iremos partilhar convosco estes festejos, dando a conhecer a sua realidade.

Hoje, vamos falar do Carnaval de Veneza, provavelmente um dos mais famosos e, seguramente, o mais belo.
Veneza é uma cidade maravilhosa, bem no centro do coração de Itália, famosa pelas suas paisagens, as suas gôndolas e os seus bailes de carnaval.

As máscaras do carnaval de Veneza são famosas em todo o mundo pelo detalhe, pela beleza na elaboração e pela riqueza com que são apresentadas.
Outrora, as máscaras permitiam a quebra das barreiras sociais e os ricos podiam aproximar-se dos pobres sem serem socialmente condenados ou comprometidos. O facto é que de tudo isso restaram as festas carnavalescas que proliferam em toda a cidade e que se têm modernizado com o passar do tempo, mas as máscaras permanecem quais fantasias coloridas.

Commedia dell'arte - conhecida também como Comédia de Máscaras - era composta por espectáculos teatrais em prosa, muito populares na Itália e em toda a Europa na segunda metade do século XVI até meados do século XVIII. O espectáculo era baseado no improviso dos actores, que seguiam apenas um esquema elaborado pelo autor para cada cena cómica, trágica ou tragicómica.
Hoje em dia o carnaval veneziano está muito mais moderno mas conserva a tradição do uso de máscaras maravilhosas, confeccionadas manualmente, que embelezam os bailes e trazem aquele glamour que, juntamente com o cenário de Veneza, tornam o seu carnaval inesquecível.

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